quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Aos professores da Oga Mitá

 Rio, 03/10/2013

O documento lançado pelos professores da Oga Mitá no dia de hoje reforçou a nossa convicção de que colocar nosso filho nesta escola foi a escolha certa. São profissionais que não se omitem nem se escondem diante do que ocorre à sua volta. Na verdade, cotidianamente temos esta certeza renovada. A turma de nosso filho Antonio (Fulni-ô tarde) tem 15 alunos, uma professora e duas estagiárias. Isto permite que se tenha uma atenção individualizada às necessidades e ao desenvolvimento de cada criança. Além disto, há tempo dedicado ao planejamento e à reflexão sobre os rumos da turma e da escola. Isto é fundamental para um trabalho sério, de qualidade. Por isto, ficamos felizes a cada dia em que não tem aula para que os professores se reúnam e repensem suas práticas, incluíndo aí a participação em atos e manifestações em defesa da educação.

Enquanto isto, a educação infantil na rede municipal do Rio de Janeiro segue no sentido oposto. As vagas nem de perto dão conta de toda a demanda. As crianças que conseguem vagas, são submetidas a turmas lotadas, com condições precárias de trabalho e pouquíssimo tempo de planejamento. Muitos profissionais de educação das escolas municipais continuam lutando para tentar fazer um trabalho de qualidade. No entanto, para o prefeito e seu governo, basta que as crianças estejam em sala de aula pelo período determinado. Basta às escolas cuidar das crianças (leia-se: mantê-las vivas) enquanto os pais trabalham. Esta é uma função social importante da educação infantil, mas nem de longe pode ser a única. A escola não pode ter apenas a função de guarda, nem as professoras e professores devem ser transformadas em carcereiras de crianças. Temos orgulho de todos os profissionais que insistem em dizer não a esta política.

Infelizmente, nem tudo são flores na Oga Mitá. A mensalidade restringe (e muito) quem pode escolher esta escola para o seu filho. Confesso que nos incomoda que nosso filho tenha pouquíssimos colegas de turma pobres e negros. Aliás, a ajuda financeira de familiares é fundamental para conseguirmos mantê-lo nesta escola. Basta dizer que o valor da mensalidade é equivalente ao salário do Pedro como professor da Rede estadual.

Nós, pais do Antonio, somos professores de escola pública e seguimos na luta para construir uma escola pública, gratuita, laica e de qualidade para todos. Uma escola que respeite os pais de alunos, os professores e, principalmente os alunos. Uma escola onde caiba os nossos sonhos. Sonhos de um mundo mais justo e igualitário.

Ass: Carla de Medeiros Silva

Pedro Castanheira de Freitas