terça-feira, 27 de maio de 2008

Dependência

Tive que escrever um relatório parcial sobre os alunos que estão em dependência em História em terê. Lá funciona assim: os alunos que não são aprovados no ano em até duas disciplinas fazem aulas semanais de dependência fora do seu horário escolar. A parte do meu relatório na qual reflito sobre o sistema de dependência está aí embaixo. E eu fico me fazendo a seguinte pergunta: se eu não acredito na dependência, o que que eu estou fazendo lá, dando aulas?

"Não posso concluir este relatório sem apresentar a minha total descrença e discordância com o sistema de dependência tal qual ele é feito. Não acredito que esta estrutura seja a mais propícia para o desenvolvimento real e profundo dos estudantes, em que pese as possíveis exceções. Na minha opinião, o dinheiro gasto pela prefeitura seria melhor empregado se investido, como prioridade, em projetos desenvolvidos pelos professores, projetos estes que poderiam tornar a escola um ambiente cada vez mais agradável e interessante para os estudantes. O exato oposto da dependência, na qual os estudantes com alguma dificuldade são obrigados a ir para escola estudar fora do seu horário com os mesmos livros e matérias que ele já não gosta no horário regular. A dependência é vista, com razão, como um castigo e a escola se torna sinônimo de tédio, tortura.
Na opinião deste professor, o verdadeiro aprendizado não pode ser conquistado através da punição, da obrigação ou da repetição. Saber e prazer devem caminhar juntos."

terça-feira, 20 de maio de 2008

O Julgamento de Getúlio Vargas

Vou iniciar um projeto com a minha turma que culminará em um "julgamento" de Getúlio Vargas. Já fiz esta atividade três vezes, com níveis diferentes de sucesso. Nós estamos trabalhando Estado novo agora, e distribuirei diversos documentos, fotos e outros elementos que podem ser utilizados pelos advogados de defesa e de acusação. Além destes, a turma terá um juiz, o próprio Getúlio (meio surreal: ela poderá usar como argumento o seu próprio suicídio!), e testemunhas de defesa e acusação. Sugerirei algumas, mas os estudantes são livres para usar quem quiser e como quiser. Os outros estudantes farão parte do Júri. Todos deverão, ao final do trabalho, apresentar um texto com as suas reflexões sobre Vargas.
Após esta atividade, para encerrar o bimestre, vou apresentar para o debate um texto que coloca getúlio Vargas como um agente histórico do seu tempo que tinha diversas semelhanças com outros governos na América e que não surgiu por acaso naquele momento, no Brasil. Pode ser meio pedante acabar com uma reflexão do professor, mas foi a maneira que encontrei para romper a dicotomia que esta atividade tende a acarretar.
Quem quiser mais informações, entre em contato que eu passo todos os "passos" e documentos utilizados na atividade.

PS: estou aberto a opiniões.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Inesquecível

Tem jogos de futebol que marcam. Pode ser por significar um grande título (Vasco 0x0 Palmeiras - 1997. Vasco campeão brasileiro), por ser um grande jogo, ou uma grande goleada (Vasco 4x1 flamengo, segunda fase do Brasileirão de 1997) ou por apresentar uma virada inesperada (Vasco 4x3 Palmeiras, final da copa mercosul). O jogo de quarta-feira, dia 07/05/08 entra nesta última categoria. Os flamenguistas tinham certeza da vitória, mas isto não é novidade. Pergunte para um flamenguista quem vai ganhar o Brasileirão deste ano: "Mengão, com certeza", muitos dirão. Com a cabeça baixa, mas dirão. No caso da memorável partida, ninguém, botafoguense, tricolor ou cruzmaltino, esperava uma virada do América do México, pois era um ponto fora da curva: o Flamengo nunca tinha passado por situação tão vexaminosa ao longo dos seus 113 anos de história.
O América, último colocado do campeonato mexicano, tinha no gordinho Cabañas a sua principal esperança. Os flamenguistas riram. Logo eles, fãs dos rechonchudos Ronaldo e Obina.
Mas o mais maravilhoso do futebol é que absurdos acontecem. O time do Flamengo queria dar a vitória de presente de despedida para Joel Santana e, afinal, não poderia ser derrotado em "seu" templo sagrado, onde a torcida leva o time às vitórias. As ilusões alimentadas pela imprensa não resistem a realidade... O América jogou recuado, atacou cinco vezes e fez três gols, dois contando com a ajuda de um velho craque das laranjeiras: o sobrenatural de almeida.
O flamengo atacou com tudo: Obina, Souza, Marcinho, Diego Tardeli... todos perdendo gols. Exceto Obina que, iluminado, sempre decide os jogos: desvia o chute de Cabañas, Bruno batido, bola na rede. América, sem jogar bem, ganha do invencível flamengo em seu templo sagrado e por um placar impossível: 3x0.
É, o mundo do futebol, se não é uma roda gigante, é uma montanha russa. As quedas são assustadoras. Nunca um time comemorou tão pouco um título estadual quanto o Flamengo de 2008. Carreata cancelada, festas desmarcadas e uma lição impressa na testa: a dor, no futebol, é para todos.
Saudações cruzmaltinas.
PS: na final do Mercosul, na qual o Vasco virou um jogo em que estava perdendo do Palmeiras por três a zero, o técnico do Vasco era o Joel Santana...

Futebol apaixona. Alguns motivos

1. Um jogo pode ter o seu resultado modificado radicalmente em segundos ( de uma vitória gloriosa a um empate vergonhoso, por exemplo). Por isto, um erro de um juiz pode dar tanto pano pra manga.

2. Um time pode jogar pior e vencer. Isto não ocorre no volei ou no basquete. Você nunca vai ler "time de volei do Brasil joga melhor mas perde para Cuba". Só o futebol pode dar o prazer de ver um time chutar 5 bolas na trave e perder por 1X0 em uma bola desviada pela zaga... Acho que isto contribui para aumentar a supertição entre os torcedores, pois só assim podemos justificar a injustiça presente em todas as derrotas dos nossos times. Nada é por acaso no futebol.

3. Todos os torcedores encaram milhares de derrotas e algumas vitórias ao longo da vida. A conquista é mais gostosa e valorizada quando liquida com anos e anos de lutas infrutíferas. Exemplo: quem comemoraria mais o título do Brasileirão: a torcida do São Paulo ou a do Náutico? Este, por representar uma vitória maior.

"Vivendo e aprendendo a jogar. Vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo mas, aprendendo a jogar."


PS: feliz dia das mães para dona Jana, minha mãe flamenguista. Não por acaso, o seu time foi uma mãe para todos os vascaínos, tricolores e botafoguenses no fatídico 07/05/08.