segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Lista do Casamento / Chá de Panela

Agradecemos a todos que foram a festa. O carinho e o apoio de todos foi muito emocionante. Muito obrigado!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Carta aos jogadores do Fluminense

Pessoal, este texto emocionado e emocionante foi escrito pela Carla, minha namorada, no dia seguinte ao primeiro jogo da decisão. É um prazer compartilhá-lo com vocês.

Carta aos jogadores do Fluminense:
Memórias de uma torcedora na Libertadores 2008

São agora 20:32 da quinta-feira, dia 26/06. Aqui estou com meu coração ansioso e apertado, sofrido mesmo, depois que um trator passou por cima do meu clube, no primeiro jogo da final da Libertadores.
Curioso pensar que no ano passado, quando garantimos nossa vaga na competição e a Copa do Brasil após termos vencido (no sofrimento, como sempre) o Figueirense, eu apenas mentalizava o quanto queria passar para a segunda fase da competição, com méritos nossos. Queria isso, primeiramente, e não ousava sonhar mais alto.
No final do ano passado a tensão já se fez presente quando do sorteio de grupos. Caímos num grupo difícil, considerado da morte, e eu, então com medo, reforcei meus pedidos singelos que se restringiam a passar bem para a segunda fase.
Voltávamos a Libertadores após 23 anos, vejam só. Eu tenho apenas 26 anos de idade e, portanto, enquanto torcedora consciente, nunca havia visto o Fluminense disputando uma competição internacional.
Pedia para passar de fase com o suor de nossos jogadores e depois, o que viesse ia ser lucro.
Eu só não podia imaginar todas as alegrias que aquela competição reservava para mim e, creio que, para todos aqueles que torcem de coração para o Fluminense.
Primeiro jogo em Quito, enfrentando a altitude, o nervosismo da estréia e um time forte. Arrancamos um bom resultado que, agora nesta final, não fomos capazes de repetir. Tudo bem, a história começou a ser escrita de forma diferente. Não estamos mais na estréia, estamos na final.
Bem, no segundo jogo eu subi aos céus. Ia ao Maracanã, nossa casa de tantas partidas boas e ruins, assistir ao primeiro jogo de Libertadores da minha vida. E foi como um sonho, o time voava em campo, solto, parecia que “dançava futebol” tamanha era a desenvoltura com que foi se apresentando. Esperava uma boa apresentação do grupo mas, confesso que nunca poderia imaginar tamanha beleza em um campo de futebol. Este jogo, este 6 x0, estará para sempre, por todos os dias de minha vida, cravado como uma doce lembrança na memória. E se vocês foram capazes de jogar tanto naquele dia, também são capazes de fazê-lo agora.
Passamos de fase, com a melhor campanha da competição. Para quem sonhava em apenas passar de fase, estávamos indo muito bem. Passamos pelo Atlético Nacional da Colômbia e, então, vieram os bichos-papões. Primeiro, o São Paulo. Ah, bem no fundo da minha alma, como eu queria encarar o São Paulo. Considerado por todos na mídia como um exemplo de clube e de administração eficiente, eu queria muito derrubar o mito e o chato time do São Paulo.
Os caras são considerados uma espécie de modelo para o futebol, tudo muito certinho, muito campeão demais. Eu sabia que se fossemos derrotados, seríamos para um grande clube e, de certa forma, isso tirou um pouco o peso de cima de meus ombros. Mesmo após a primeira partida, quando perdemos de 1 x 0, entristeci, mas não me senti derrotada. Sabia que no Maracanã íamos com tudo e havia a chance de reverter o placar.
Lindo demais foi aquele jogo! Um gol logo no princípio deixou tudo igual! Estávamos em pé de igualdade. O Adriano fez o 1 x 1, de cabeça, creio. Ali eu pensei, se acabou o sonho...Mas, como num raio, nós fizemos o segundo gol e voltamos a estar a frente no placar. Ainda tinha jogo para acontecer, bola para rolar e pernas para correr. Vai que dá, vai que dá...e deu, de forma meio mágica. Gol nos acréscimos do segundo tempo. Realmente o coração pulou muito de alegria. O jogo acabou e eu não queria deixar o templo do Maracanã. Dançava pelas cadeiras das arquibancadas, abraçava pessoas que eu nem conhecia, mas que tinham em comum comigo a paixão por um clube de futebol, o mesmo clube.
Dormi como um anjo e despertei com a notícia de que pegaríamos o Boca. Meu Deus, que venha o Boca...foi o que eu pensei. Seis títulos de Libertadores, Riquelme e coisa e tal. Que grande batalha não se avizinhava...Assim como ocorrera contra o São Paulo, desta vez também não éramos o favorito. Não tínhamos tradição diante da maioria dos times que disputavam a competição, o que dizer então do poderoso Boca?
Mas fomos de peito aberto, e passamos por eles também. Escutei pessoas criticando o Fluminense. Diziam não entender como um time, no caso o Fluminense, podia ser tão dominado por outro em campo e, ainda assim, sair com a vitória. Me entristeceu esta opinião que não soube reconhecer humildemente que, jogando bem ou mal, sendo dominado ou não, havia um grande feito em eliminar o Boca desta competição. Afinal, se o futebol é capaz de despertar tanta paixão é, também, por isso: nele pode acontecer o impensável, o imponderável.
A propósito do jogo contra o Boca, o empate que conseguimos lá foi muito importante. Não esquecerei a fisionomia do Thiago Silva ao fazer aquele lindo gol de cabeça (faz outro no dia 2, Thiago!). Com muita garra ele vibrou. E também não esqueço o gol meio sem jeito do Thiago Neves, este mesmo jogador que ontem aumentou as nossas esperanças quando elas já estavam se esvaindo pelo ralo da tristeza.
No Maracanã tivemos sorte e também competência. E matamos outro bicho-papão. Após uma pausa longa e interminável para os corações tricolores, chegamos na final com a LDU. A mesma equipe que pegamos na estréia da competição, agora encerrará nossa longa jornada. Assim como nós, a LDU nunca ganhou o torneio.
Eu fico surpresa de lembrar que, logo no princípio, eu apenas torcia para que fizéssemos um bom papel na primeira fase. Nossa! Como foi que chegamos tão longe? Quanto amor compartilhado por um mesmo símbolo não esteve reunido nas partidas que o Flu disputou no Maracanã e fora dele?
As imagens do jogo de ontem ficam passando na minha cabeça, eu abro os olhos, fecho os olhos, e só consigo ver aquelas imagens. Não consegui dormir porque me lembrava dos 4 gols, inacreditáveis. Certamente, também não conseguirei dormir bem hoje, e talvez a coisa seja assim até a próxima quarta-feira, quando decidiremos o título inédito, para nós e para eles. Espero que vocês consigam dormir, mas espero, por outro lado que estejam nervosos sim! Porque o que pode definir a conquista deste título agora, neste momento, é o amor. E quando a gente ama de verdade, sua frio, bate o coração mais rápido, não conseguimos dormir direito de tanta emoção...são sintomas do amor.
Sei que vocês ganham salários estratosféricos, que não correspondem à realidade da maioria da população brasileira. Acabaram-se os tempos em que um jogador tinha uma relação de amor pelo clube que defendia. Hoje, a regra do futebol é o capital, a grana! Como exemplo trágico desta máxima, a torcida do Fluminense foi intensamente desrespeitada na hora de adquirir os ingressos para a disputa da final no Maracanã. Formaram filas imensas, mas os ingressos acabaram tão rapidamente que a maioria deu com a cara na bilheteria. A coisa já começou mal quando os preços aumentaram em 100%. A ganância de um capitalismo sem alma é o que move os destinos do futebol em geral e também do Fluminense. Toda esta dificuldade em comprar os ingressos está muito mal contada.
E digo e repito: um clube que, num dos momentos mais preciosos e importantes de sua história, pisa e desrespeita a sua torcida, pode sofrer as conseqüências. O 4 x 2 que levamos em Quito já é uma amostra do tamanho do castigo que podemos receber. Jogamos um primeiro tempo sem alma.
Na quarta-feira que vem eu estarei lá, não nas arquibancadas por que não consegui comprar, mas nas cadeiras inferiores. Espero que aquele que estiver ocupando na arquibancada o lugar que eu ocupei em todos os jogos da Libertadores que fizemos no Maracanã seja capaz de torcer com a mesma intensidade que eu o fiz. Estarei nas cadeiras inferiores com o coração na boca. Espero poder sentir que é possível virar este placar adverso. E, certamente, veremos isso nos primeiros minutos do jogo. A alma pode entrar em campo, como entrou em tantos jogos até agora.
Estarei torcendo como nunca, com o sono de sete dias acumulados e espero sentir na postura de cada um de vocês o amor pelo clube que das arquibancadas desce como uma força inabalável. Sei que depois de tudo, muitos de vocês serão vendidos para clubes europeus. Porque o Brasil continua sendo um exportador de matérias-primas baratas para os países desenvolvidos, assim como o Equador, que já vendeu o Guerrón para o Getafe...
É difícil pedir que tenham amor ao clube...Mas sinto dizer que só isso pode fazer com que vocês vençam esta partida por 3 x 0. Eu acredito que chegou a nossa hora. É preciso entrar comendo a bola e a grama, com muita aplicação tática, dedicação e coração. Nada neste clube se consegue sem sofrimento. Ou perdemos ou ganhamos de forma sofrida. Eu fico com a segunda opção!
O silêncio do Thiago Silva era tudo que faltava para acender uma chama de esperança. Aquele silêncio demonstrou profunda inflexão, reflexão. A hora é mesmo de calar e reservar o sentimento para o momento de entrar em campo. Eu quero acreditar, mas isso não dependerá só de mim. Dependerá do amor que, em campo e no estádio, nós formos capazes de mobilizar pelo Fluminense.
Muita força nessa hora! Estamos juntos!

21:33 – quinta-feira – dia 26/06

Ass: Carla de Medeiros Silva

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Para o Julgamento de Getúlio Vargas



1º de maio de 1942
Cerimônia do dia do trabalho




Memorial Getúlio Vargas - RJ
pixação feita em 19 de abril de 2007


Fala Galera!


Pesquisei e coloco aqui a disposição de vocês alguns sites que podem ajudá-los a entender um pouco mais dos governos Vargas, além de obter argumentos para considerá-lo, e a seu governo, "inocentes" ou "culpados".


PS: Antes de mais nada, um destaque: a internet é traiçoeira. Para garantir a veracidade das informações, investigue em mais de um site.


PS2: procure em outros sites além dos indicados aqui. No youtube, por exemplo, existem centenas de filmes sobre Vargas.


Você vai encontrar argumentos a favor de Vargas nos seguintes endereços:
http://www.culturabrasil.pro.br/vargas.htm
http://www.suapesquisa.com/vargas/
http://pdt12.locaweb.com.br/paginas.asp?id=63


Você vai encontrar argumentos contra Vargas nos seguintes endereços:
http://www.espacoacademico.com.br/039/39cparanhos.htm
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/04/379583.shtml
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5443

Nestes dois endereços, há o debate sobre Vargas:
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070416205047AAdv01v&show=7
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/04/379609.shtml

Um brinde: um texto detalhado sobre a vida de Vargas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Getúlio_Vargas

Audio: escute o Reporter Esso lendo a carta-testamento de Vargas:
http://www.educacional.com.br/reportagens/getuliovargas/audio.asp?audio=0

Imagens: alguns pequenos filmes jornalísticos feitos durante os governos Vargas:
http://www.rio.rj.gov.br/memorialgetuliovargas/conteudo/videos_filmes.html

Boa sorte, pessoal! Qualquer dúvida, estamos às ordens!
Saudações vascaínas!

terça-feira, 10 de junho de 2008

Não deu.

Hoje eu tentei iniciar uma atividade com o 7° ano (antiga 6a série) do CEROM (Teresópolis) sobre a Idade Média, mas não deu certo. A idéia era ensiná-los a jogar "Age of Empires" no computador (contando com a ajuda dos que já conhecessem o jogo) para, posteriormente comparar determinadas características que já estudamos da Idade Média com as características da fase "Feudal Age" do jogo. Para isto, disponibilizaria para os alunos, além do livro didáticos, alguns trechos do livro paradidático "Como seria a sua vida na Idade Média".

Para quem não conhece, "Age of Empires" é um jogo de guerra e estratégia, no qual você "desenvolve" uma civilização e enfrenta adversários também em "evolução". A idéia era estimular olho clínico dos estudantes, fazendo-os diferenciar os elementos do jogo que estavam inspirados em características reais da Alta Idade Média (como o papel das fortalezas, o peso da agricultura, o comércio incipiente, a riqueza com base na terra) de elementos, digamos, pouco fidedignos (o papel pouco significativo da igreja e a ausência de hierarquia religiosa, por exemplo).
Ainda acho a idéia boa, mas o fato é que não deu certo. Diversos problemas ocorreram. O primeiro foi a dificuldade de instalar o jogo nos computadores da escola: não poderia usar cópias piratas (detalhe: o site do jogo disponibiliza um "demo" gratuito que eu não pude baixar, pois não há internet na escola); os computadores da escola não lêem DVD (a professora Magali, de português, conseguiu o jogo original em CD) e o jogo só "rodava" com o cd no computador, coisa que não acontece no meu computador. Resultado: acabei tendo o jogo em apenas três computadores (contando o Laptop do Estado que estava comigo) para 18 alunos. Os alunos aprenderam a jogar de três em três em dois grupos de 9.
Alguns gostaram, outro acharam muito chato o jogo. Acredito que isto ocorreu principalmente em virtude da pequena quantidade de computadores disponíveis para a atividade. Mas não foi só isso: as meninas tiveram muito menos interesse pelo jogo do que os meninos, e creio que isto eu poderia prever. A minha atividade foi por água a baixo pois muitos não chegaram nem a entender a lógica do jogo, que dirá jogar. Vou usar apenas o livro didático e o paradidático para fazer uma outra atividade.
Fica a lição: usar o computador (ou qualquer recurso não-cotidiano) só testando com antecedência. E sempre ter uma atividade extra na manga. Mas neste nosso corre-corre, isto é possivel?

terça-feira, 3 de junho de 2008

intolerância religiosa

A intolerância religiosa está cada vez mais presente na atualidade. Abaixo, o lamentável exemplo apresentado por uma reportagem de "O Globo" (03/06/2008) e "O Globo online". A intolerância religiosa, como não podia deixar de ser, também está presente nas escolas. Tenho refletido muito sobre isso e ainda comentarei aqui. Por enquanto, vai o texto de "O Globo Online":

RIO - Quatro jovens da igreja Geração Jesus Cristo invadiram e depredaram o templo Cruz de Oxalá, no Catete, no início da noite desta segunda-feira. Aos gritos, três rapazes e uma jovem, todos aparentando ter cerca de 20 anos, insultaram os fiéis e quebraram todas as imagens e utensílios que estavam no local. Contidos pelos dirigentes do centro, os quatro foram levados para a 9ª DP (Catete), prestaram depoimento e foram liberados.
Pastor se diz surpreso com ataque
Horas depois de terem sido presos, os jovens saíram sem dar nenhuma declaração. Eles disseram apenas que faziam parte de uma igreja evangélica chamada Geração Jesus Cristo.
Blog Traduzindo o juridiquês: Que eles não sejam perdoados, pois sabiam o que faziam...
De acordo com o site G1, o pastor Tupirani, responsável pela Igreja Geração Jesus Cristo, condenou o ataque:
- Fiquei muito surpreso. Eles não deviam ter feito o que fizeram, não incentivamos esse tipo de atitude - disse, assegurando que os quatro integrantes detidos em flagrante depois de invadir e quebrar imagens no local, são "exemplos dentro da igreja". Ataque no início da noite
O ataque começou pouco antes das 19h, quando uma fila com pouco mais de 20 pessoas aguardava a abertura do centro, que funciona em um sobrado na Rua Bento Lisboa. O grupo perguntou a uma das freqüentadoras para que era a fila e, diante da resposta, teria começado a demostração de intolerância.
" Eles agrediram verbalmente todos os que estavam na fila e aproveitaram a porta aberta para entrar correndo "
- Quando disse que estávamos ali para a consulta, eles começaram a nos insultar. Aos gritos, diziam que, por ordem de Jesus, devíamos abandonar o demônio, que estaria ali presente. Eles agrediram verbalmente todos os que estavam na fila e aproveitaram a porta aberta para entrar correndo - contou a advogada Sylvia Santana.
Os dirigentes do centro têm medo de novos ataques:
- Será que outros não aparecerão? Não só na nossa igreja, mas também em outras. Isso realmente causa preocupação - ressaltou a advogada Cristina Moreira.
O centro mistura conceitos de religiões afro-brasileiras e do Kardecismo. Segundo seus dirigentes, ele está no bairro há pouco mais de dez anos e sempre conviveu pacificamente com vizinhos católicos e evangélicos. Os ataques teriam começado há alguns meses, depois que uma nova igreja evangélica se instalou nas proximidades.
De acordo com o telejornal "RJTV", na página que a congregação mantém na internet, vídeos e textos apresentam diversas críticas a outras doutrinas e crenças religiosas, com palavras agressivas. Em um dos textos, intitulado "Alerta para a população", há um relato de que outros incidentes, como o desta segunda-feira, já tinham acontecido.
Segundo o RJTV, os seguidores da igreja teriam trocado socos e tapas com integrantes de outra igreja evangélica, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e também no interior do estado, no município de Mendes.
Os quatro invasores foram autuados e vão responder por ameaça, dano contra o patrimônio e por desrespeito a culto ou prática religiosa. As penas variam de um mês a um ano de cadeia, mais multa.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Dependência

Tive que escrever um relatório parcial sobre os alunos que estão em dependência em História em terê. Lá funciona assim: os alunos que não são aprovados no ano em até duas disciplinas fazem aulas semanais de dependência fora do seu horário escolar. A parte do meu relatório na qual reflito sobre o sistema de dependência está aí embaixo. E eu fico me fazendo a seguinte pergunta: se eu não acredito na dependência, o que que eu estou fazendo lá, dando aulas?

"Não posso concluir este relatório sem apresentar a minha total descrença e discordância com o sistema de dependência tal qual ele é feito. Não acredito que esta estrutura seja a mais propícia para o desenvolvimento real e profundo dos estudantes, em que pese as possíveis exceções. Na minha opinião, o dinheiro gasto pela prefeitura seria melhor empregado se investido, como prioridade, em projetos desenvolvidos pelos professores, projetos estes que poderiam tornar a escola um ambiente cada vez mais agradável e interessante para os estudantes. O exato oposto da dependência, na qual os estudantes com alguma dificuldade são obrigados a ir para escola estudar fora do seu horário com os mesmos livros e matérias que ele já não gosta no horário regular. A dependência é vista, com razão, como um castigo e a escola se torna sinônimo de tédio, tortura.
Na opinião deste professor, o verdadeiro aprendizado não pode ser conquistado através da punição, da obrigação ou da repetição. Saber e prazer devem caminhar juntos."

terça-feira, 20 de maio de 2008

O Julgamento de Getúlio Vargas

Vou iniciar um projeto com a minha turma que culminará em um "julgamento" de Getúlio Vargas. Já fiz esta atividade três vezes, com níveis diferentes de sucesso. Nós estamos trabalhando Estado novo agora, e distribuirei diversos documentos, fotos e outros elementos que podem ser utilizados pelos advogados de defesa e de acusação. Além destes, a turma terá um juiz, o próprio Getúlio (meio surreal: ela poderá usar como argumento o seu próprio suicídio!), e testemunhas de defesa e acusação. Sugerirei algumas, mas os estudantes são livres para usar quem quiser e como quiser. Os outros estudantes farão parte do Júri. Todos deverão, ao final do trabalho, apresentar um texto com as suas reflexões sobre Vargas.
Após esta atividade, para encerrar o bimestre, vou apresentar para o debate um texto que coloca getúlio Vargas como um agente histórico do seu tempo que tinha diversas semelhanças com outros governos na América e que não surgiu por acaso naquele momento, no Brasil. Pode ser meio pedante acabar com uma reflexão do professor, mas foi a maneira que encontrei para romper a dicotomia que esta atividade tende a acarretar.
Quem quiser mais informações, entre em contato que eu passo todos os "passos" e documentos utilizados na atividade.

PS: estou aberto a opiniões.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Inesquecível

Tem jogos de futebol que marcam. Pode ser por significar um grande título (Vasco 0x0 Palmeiras - 1997. Vasco campeão brasileiro), por ser um grande jogo, ou uma grande goleada (Vasco 4x1 flamengo, segunda fase do Brasileirão de 1997) ou por apresentar uma virada inesperada (Vasco 4x3 Palmeiras, final da copa mercosul). O jogo de quarta-feira, dia 07/05/08 entra nesta última categoria. Os flamenguistas tinham certeza da vitória, mas isto não é novidade. Pergunte para um flamenguista quem vai ganhar o Brasileirão deste ano: "Mengão, com certeza", muitos dirão. Com a cabeça baixa, mas dirão. No caso da memorável partida, ninguém, botafoguense, tricolor ou cruzmaltino, esperava uma virada do América do México, pois era um ponto fora da curva: o Flamengo nunca tinha passado por situação tão vexaminosa ao longo dos seus 113 anos de história.
O América, último colocado do campeonato mexicano, tinha no gordinho Cabañas a sua principal esperança. Os flamenguistas riram. Logo eles, fãs dos rechonchudos Ronaldo e Obina.
Mas o mais maravilhoso do futebol é que absurdos acontecem. O time do Flamengo queria dar a vitória de presente de despedida para Joel Santana e, afinal, não poderia ser derrotado em "seu" templo sagrado, onde a torcida leva o time às vitórias. As ilusões alimentadas pela imprensa não resistem a realidade... O América jogou recuado, atacou cinco vezes e fez três gols, dois contando com a ajuda de um velho craque das laranjeiras: o sobrenatural de almeida.
O flamengo atacou com tudo: Obina, Souza, Marcinho, Diego Tardeli... todos perdendo gols. Exceto Obina que, iluminado, sempre decide os jogos: desvia o chute de Cabañas, Bruno batido, bola na rede. América, sem jogar bem, ganha do invencível flamengo em seu templo sagrado e por um placar impossível: 3x0.
É, o mundo do futebol, se não é uma roda gigante, é uma montanha russa. As quedas são assustadoras. Nunca um time comemorou tão pouco um título estadual quanto o Flamengo de 2008. Carreata cancelada, festas desmarcadas e uma lição impressa na testa: a dor, no futebol, é para todos.
Saudações cruzmaltinas.
PS: na final do Mercosul, na qual o Vasco virou um jogo em que estava perdendo do Palmeiras por três a zero, o técnico do Vasco era o Joel Santana...

Futebol apaixona. Alguns motivos

1. Um jogo pode ter o seu resultado modificado radicalmente em segundos ( de uma vitória gloriosa a um empate vergonhoso, por exemplo). Por isto, um erro de um juiz pode dar tanto pano pra manga.

2. Um time pode jogar pior e vencer. Isto não ocorre no volei ou no basquete. Você nunca vai ler "time de volei do Brasil joga melhor mas perde para Cuba". Só o futebol pode dar o prazer de ver um time chutar 5 bolas na trave e perder por 1X0 em uma bola desviada pela zaga... Acho que isto contribui para aumentar a supertição entre os torcedores, pois só assim podemos justificar a injustiça presente em todas as derrotas dos nossos times. Nada é por acaso no futebol.

3. Todos os torcedores encaram milhares de derrotas e algumas vitórias ao longo da vida. A conquista é mais gostosa e valorizada quando liquida com anos e anos de lutas infrutíferas. Exemplo: quem comemoraria mais o título do Brasileirão: a torcida do São Paulo ou a do Náutico? Este, por representar uma vitória maior.

"Vivendo e aprendendo a jogar. Vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo mas, aprendendo a jogar."


PS: feliz dia das mães para dona Jana, minha mãe flamenguista. Não por acaso, o seu time foi uma mãe para todos os vascaínos, tricolores e botafoguenses no fatídico 07/05/08.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O que sabe o professor que erra

Este título, inspirado no livro "O que sabe quem erra?" de Maria Teresa Esteban, seria o de um artigo que eu escreveria sobre todos os meus erros como professor após o meu primeiro ano em escola pública, e o que eu aprendi com isso. Este artigo ficou só na vontade, pelo menos por enquanto.
Aqui, ele ganha um outro sentido: refletir sobre os preconceitos que estão introjetados nas minhas reflexões e nas minhas ações. Relendo o que eu já escrevi aqui neste blog, percebi que tinha um tom meio arrogante: parece que eu nunca erro nada, que pairo sobre os outros professores, reles mortais defeituosos. A vida não é assim.
Eu já me peguei sendo machista, homofóbico, elitista, racista, etc, etc. Esta semana, mesmo. Como a nossa profissão é um ataque constante à nossa auto-estima, o risco é de nos considerarmos fracassos ambulantes. Não. Estes erros só evidencia a nossa humanidade e superá-los faz parte da nossa caminhada.
A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
Eduardo Galeano

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Dor

Foi Carla, minha namorada, quem me alertou: "você viu a capa de 'O Globo' de hoje?" (quarta-feira, dia 09/05/2008). Eu vi, mas não tinha visto nada demais. O que ela percebeu, me deixou pasmo. Uma foto sobre mais uma "operação limpeza" na zona sul do Rio, feita pela prefeitura, trazia a seguinte legenda: "o governo recolhe, em Ipanema, 22 menores e 12 caminhões de lixo". Assim mesmo, juntos. A mesma coisa. A mesma "limpeza".
Eu não sei o que mais me incomodou: a visão elitista e repulsiva de "O Globo" ou a minha apatia. Afinal, eu li, ou melhor, passei os olhos e não me dei conta da barbaridade cometida na minha frente.
Obrigado, Carla, por me fazer enxergar.

terça-feira, 8 de abril de 2008

O preconceito de classe na escola e no futebol

"O pobre é incapaz de pensar. Ou, ao menos, é incapaz de atingir o nosso nível de pensamento." Este tipo de afirmação não pega bem, por isso, você não a ouvirá da boca de ninguém. No entanto, isto muitas vezes é dito, nas entrelinhas, sobre a população pobre. Estudantes de escolas públicas e jogadores de futebol são exemplos típicos.
Na escola, muitos professores desistem de estimular o pensamento crítico e original dos alunos. Para não admitir a incompetência do nosso sistema de ensino, busca o caminho fácil: acusar o aluno de ser incapaz. Curiosamente, na maioria das vezes, são assim rotulados justamente os mais pobres entre os pobres. A reação de uma colega angustiada com o resultado do seu trabalho foi exemplar: "enfim, alguém terá que lavar meu carro no futuro." E tome decoreba, colorir as figuras, aceitar trabalhos reproduzidos da internet, do livro, do outro aluno... A Xerox que tome cuidado: nossos alunos estão sendo preparados para substituir as suas máquinas. As capas dos trabalhos ficam cada vez mais caprichadas, quem é que vai se importar com o conteúdo? A aparência vence, mais uma vez, a essência. Não é fácil nadar contra a corrente e estimular o livre pensar. Mas não é impossível. Ao contrário, é imprescindível.
No futebol, a situação não é diferente. Em entrevistas e debates, já se espera que o jogador (de origem pobre, na sua maioria) vá falar alguma besteira. A idéia de que o pobre é incapaz de refletir criticamente e formular as suas próprias idéias faz com que o jogador seja treinado para dar entrevistas, "blindando-o" contra gafes e deslizes. A repetição das respostas padrão é impressionante: "não existe favoritismo. O adversário é muito perigoso, mas o grupo está unido e o que importa são os três pontos...". às vezes ficamos anos sem saber o que alguns jogadores realmente pensam. Para não errar, o jogador é estimulado a não dizer nada. Quando sai desta redoma de proteção e responde conforme a sua consciência, logo é taxado de "polêmico". Exceção feita aos poucos jogadores de futebol provenientes da classe média e da elite brasileira. Estes, "educados", "sabem falar" da forma que muitos repórteres aceitam ouvir. Ao término da carreira em campo são convidados a se tornar comentaristas: Raí, Caio, Jorginho, Kaká, são exemplos de atletas com este perfil.
As piadas com os "erros" de alunos e de jogadores fazem muito sucesso. Por trás delas o mantra secreto: "não pensem, não tentem, não pensem, não tentem, não pensem, não tentem, não."

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Preconceito no futebol e na escola: "velhos malditos!"

Este é um texto sobre futebol e também sobre educação. Primeiro é preciso dizer o óbvio: o preconceito está presente em toda a sociedade, e como o futebol faz parte dela, também é preconceituoso. O futebol, no entanto, tem características particulares, portanto, os preconceitos aparecem neste esporte também de uma maneira singular.
Não sou um especialista no assunto (não mais do que muitos brasileiros). Mas não posso deixar de perceber e de me indignar com os preconceitos que presencio freqüentemente, por parte dos jogadores, imprensa, público, etc. Acredito que, no futebol, os dois preconceitos mais evidentes são os preconceitos de gênero e de classe, que comentarei posteriormente.
Não são os únicos.
Ultimamente, o preconceito contra os idosos tem aparecido com freqüência na imprensa futebolística. A Fifa proibiu a utilização de determinadas tecnologias que auxiliariam a arbitragem (bolas com chips para identificar se ela entrou no gol, o acesso a imagens da tv para dirimir as dúvidas, entre outras). A imprensa caiu de pau: os "velhinhos caquéticos" da Fifa estariam completamente desconectados com o mundo moderno. Um repórter do jornal Lance chegou a desejar que estes "velhinhos" sejam substituídos por empresários jovens, modernos e com visão de futuro.
Sem entrar no mérito da questão, o preconceito está em todas estas falas. Para reforçar a idéia de que os membros da Fifa estão ultrapassados, associam esta acusação à sua imagem: são velhos, portanto, já eram. É aquela história: se alguém quiser acusar uma pessoa negra de ser ladrão, utiliza-se o preconceito a favor da acusação: "crioulo safado!"
A crítica aos "velhinhos da Fifa" está relacionada à uma questão maior e mais complexa: a tão sonhada(?) modernização do futebol, que merece a atenção, o debate e a reflexão de todos nós. Um dia, pretendo analisar esta questão mais à fundo.
Na escola também há um forte preconceito contra os "velhos", ou tudo que é "velho" . Eu, como professor de história, sinto isto na pele. 1970, 1930 ou 2000a.c. tem o mesmo significado para muitos alunos: são tempos mortos, ultrapassados. Nós professores, somos desta época velha onde nada funcionava e ninguém conseguia viver bem. Quando mais velho for o professor, maior deve ser esta associação.
Quando eu percebo isto, costumo fazer uma provocação: todos os meus alunos, todos, sem exceção, nasceram no século (milênio!) passado. Nesta lógica, portanto, todos nós somos velhos e ultrapassados. Eu costumo falar com os alunos: "quando os seus filhos e netos souberem a data de nascimento de vocês e perceberem que vocês nasceram em mil novecentos e alguma coisa, vocês serão alvo de chacota! Vocês, os velhos do século passado."
Isto, às vezes, tem algum impacto. Principalmente com as turmas mais novas. Vou continuar fazendo esta brincadeira enquanto posso, pois a partir de 2011, começarei a ter alunos nascidos no século 21, e perderei este argumento. Pelo menos até o ano de 2100...

terça-feira, 25 de março de 2008

"Mengão arrasador"

É impressionante. Eu, como todos que moram no Rio, tenho vários amigos e conhecidos flamenguistas. Muitos são tranqüilos, simpáticos e dispostos a conversar sobre qualquer tema. Ou quase. Quando o tema é futebol, surge do nada uma arrogância e uma sensação de onipotência que deixa o flamenguista irreconhecível, ou melhor, reconhecível apenas como flamenguista.
Um exemplo: estava lendo um jornal de esportes que estabeleceu uma "seleção da Taça guanabara". Nada menos do que 8 jogadores do flamengo tinham sido escolhidos. Um flamenguista do meu lado reclamou: "só?". Outro flamenguista, professor, que sempre defendeu a ampliação do diálogo nas escolas, elogiou o rubro-negro Toró por ter dado um violento empurrão em um gandula de 13 anos! "Ele estava fazendo cera!" - disse o sujeito.
Para homenagear todos os flamenguistas e demonstrar que eu não guardo mágoas deste tipo de atitude, vou propor uma votação: já que o Mengão é tão bom, vamos escolher o craque do time. Aquele que garante a vitória e leva o time aos títulos. Os candidatos são estes:
Juiz: jogador surpresa, sempre surge nos momentos decisivos para decidir as partidas mais importantes. Polivalente, joga tanto no ataque (garantindo os gols) quando na defesa (impedindo gols e reclamações dos adversários). Independente do esquema tático, é o rei das duas grandes áreas.
Imprensa: joga no ataque o tempo todo, principalmente quando o time não está jogando. Além de ser um jogador que atrai a atração dos adversários, dribla as críticas com competência. Quando aparecem suspeitas sobre as vitórias do flamengo, ataca com a velha resposta: "a torcida levou o time à vitória". Aliás, a torcida ganhou o prêmio "faz a diferença" de O Globo...
FERJ: outra jogadora que surpreende os adversários mais ingênuos. Atua no meio-campo, e aparece como suposta adversária do Fla. Mas, na hora H, está ali para decidir, colocando na geladeira os juízes que supostamente erraram contra este time. E a recíproca (juízes que erram pró-flamengo serem punidos) não acontece. Senão, não teríamos mais juízes no Rio de Janeiro...
STJD: grande astro da defesa rubro-negra. Quando ninguém mais espera, ele garante a manutenção do escrete rubro-negro em campo. Os parceiros da equipe o adoram: nunca os deixa na mão. Jogador completo, ainda anula os adversários. Veja o caso do Romário: foi considerado culpado de doping enquanto estava no Vasco. Foi só sair deste time e surgir um boato de que ele iria para o flamengo, o STJD o absolveu (!). Mudou de opinião de repente, marcando mais um golaço para o mengo.
Vote agora! Os candidatos estão ansiosos. Outros votos serão aceitos, principalmente para evidenciar a arrogância rubro-negra.
Saudações vascaínas.

Jornal Escolar

Para quem não sabe, estou fazendo parte de um projeto educacional de construção de um jornal escolar no CEROM, colégio no qual eu leciono em Teresópolis. Dentro das escolas, a questão "Mídia" parece estar ganhando um espaço cada vez maior. Em pouco tempo, já fiquei sabendo de vários projetos neste sentido. A primeira reunião foi ontem (segunda-feira) e já tivemos que lidar com um obstáculo inesperado: a chuva, que parece ter inibido a presença de vários estudantes.

O projeto tem como objetivo geral estimular e desenvolver a capacidade dos estudantes como leitores e produtores de conhecimento, além de permitir uma reflexão sobre o papel da mídia e o papel desta mídia específica (o jornal) para a comunidade escolar.

Quem quiser o projeto completo, é só me pedir por e-mail. Quem se sentir inibido de colocar seu e-mail nos comentários, mande o recado para pedrofreitashistoria@yahoo.com.br.

De antemão eu já sei que o projeto não vai seguir seu curso conforme foi planejado. É sempre assim no mundo real. Mas já estou expondo-o pra vocês, até para garantir que eu depois tenha que "prestar contas" sobre o que está sendo feito...

terça-feira, 11 de março de 2008

Fazer a minha parte?

"Houve um incêndio na floresta e enquanto todos os bichos corriam apavorados, um pequeno beija-flor ia do rio para o incêndio levando gotículas de água em seu bico. O leão, vendo aquilo, perguntou para o beija-flor: 'Ô beija-flor, você acha que vai conseguir apagar o incêndio sozinho?' E o beija-flor respondeu: 'Eu não sei se vou conseguir, mas estou fazendo a minha parte'."

Muita gente conhece a fábula acima. Eu a ouvi pela primeira vez quando era estudante do ensino fundamental, e em um debate, concluímos que o beija-flor estava certíssimo, pela sua persistência e esperança. Temos que fazer a nossa parte para mudar tudo que está errado no mundo. Que bonito! Parabéns ao beija-flor!

Mas... Voltando ao mundo real: qual o resultado prático desta ação? O beija-flor, após despejar diversas gotas na floresta, morreu incendiado. Os outros animais conseguiram fugir. No entanto, sem habitat adequado, acabaram morrendo de fome, ou caçados pelo bicho homem. Ou seja: a admirável atitude do beija flor acabou em... nada. "Fez a sua parte". Que parte? Parte do quê?

Desculpem-me os professores românticos. Não é assim que se transforma efetivamente a realidade. Muitos professores aceitam esta saída como a única alternativa possível, e fazem o que consideram a "sua parte": preparam boas(?) aulas, dão conselhos para os alunos transviados(?), talvez até doem umas cestas básicas para as famílias pobres. Ganham uma consciência tranquila(?) e uma realidade caótica: os alunos continuam chegando semi-analfabetos ao sexto ano; os livros continuam sendo artigo raro nas casas; os estudantes vão se sentindo a cada dia mais sufocados na escola; esta por sua vez vai, cada vez mais, perdendo sentido e utilidade.

Uma atitude individualista, mesmo que altruísta, não tem resultados práticos. Percebendo isto muitos professores desistem de qualquer ação transformadora. Tratam de cuidar das suas vidas. Um dia, um professor me falou: "eu já me preocupei com isso aí (educação). Hoje, é cada um por si". Infelizmente, o número de mortos-vivos na educação não pára de crescer. Não é saída: é fuga.

Não adianta fugir: a única saída é a organização. É óbvio que é fundamental pensar e repensar as aulas. Mas não somente: temos que discutir com nossos colegas o projeto político pedagógico da escola e organizar projetos coletivos para atingir objetivos coletivos. Mas não somente: temos que refletir sobre a educação e trocar experiências com colegas, alunos, funcionários, pais, das nossas e de outras escolas. Mas não somente: temos que nos organizar e lutar para que os nossos projetos e valores educacionais virem realidade.

É difícil? Muito. Começar a debater estas coisas pode ser chato pra caramba. Começar, inclusive, é mais chato que continuar. Mas, repito, não vejo outra saída. Ou tomamos partido ou continuaremos assistindo a falência da educação. Outra saída é esperar um herói: esperar um presidente/governador/prefeito bonzinho, que vai apostar na educação e vai pensar pela gente o que é "educação de qualidade".

Quem espera sempre cansa. Mas pelo menos um destes chefões, em um gesto de bondade, pode emprestar um laptop para o professor jogar paciência enquanto a casa cai...

Entrando vaiado em campo

O ótimo e divertido Blog de Marcos Alvito (meu ex-professor) sobre o futebol na inglaterra - http://arainhadechuteiras.blogspot.com/ - sempre me faz refletir. Outro dia, ao ler a crônica "Malandros Otários", me deparei com a seguinte questão: por que, no Brasil, os árbitros de futebol já entram em campo vaiados pela torcida? Alvito conclui que um dos fatores seria a construção do Estado Brasileiro: "A tradição de um Estado autoritário e centralizador, desvinculado da sociedade, torna qualquer autoridade suspeita: 'todo político é corrupto, todo policial é bandido e todo o juiz de futebol é ladrão'." (tá la no Blog dele).
Na hora me bateu o estalo: caramba! Isto também acontece conosco, professores! Em uma sociedade que tenta excluir cada vez mais a população pobre dos processos decisórios, nada mais natural que o povão desconfie de quem venha lhe impor uma "ordem", lhe dar uma "lição". E, ai de nós professores, já entramos em campo vaiados. Muitos de nós tentam distribuir cartões vermelhos a torto e a direito para os alunos, com o intuito de "impor respeito": "sai de sala", "cala a boca", entre outros brados menos votados já foram utilizados por todos os professores. Comigo, nunca deram certo. Só me deixaram mais mal-humorado e com vontade de me vaiar também.
Como diria qualquer um destes ex-árbitros comentaristas: "perdeu o controle da partida". Mesmo me colocando no papel de Juiz, já fui muitas vezes goleado pelos alunos.
Tem saída? Quem sabe chamar os alunos para "apitar" o jogo com a gente?
- Como?
- E eu sei lá?

Bem vindo à minha cabeça...

Quero desejar as boas vindas a todos que, por não ter nada o que fazer, decidirem visitar este Blog. Pretendo escrever aqui toda reflexão que vier à minha cabeça e que me dê vontade de compartilhar. Portanto, pode vir de tudo, mas o mais provável é que venha: futebol, educação, vida.
Um grande abraço a todos