terça-feira, 6 de agosto de 2013

A revolta do Vintém

Por volta de 1880, a cidade do Rio de Janeiro era a capital do império brasileiro e tinha cerca de 192 mil habitantes. Os bondes eram o transporte de massa da época e quatro companhias dividiam entre si as áreas da cidade. Três das quatro companhias transportaram em 1879 mais de 20 milhões de passageiros. No final de 1879, um imposto que o governo imperial havia criado, faria com que as passagens do bonde aumentassem em 20 réis, o que equivalia a um vintém. Este imposto, muito impopular, deu origem a manifestações que ficaram conhecidas como a revolta do vintém.

            No dia 28 de dezembro de 1879, uma multidão foi às ruas na capital do Império brasileiro, o Rio de Janeiro, se manifestar contra o imposto que aumentava no preço do transporte urbano.

            O objetivo da população era revogar a lei que estabeleceu o aumento dos bondes. Reunidos em frente ao palácio imperial, no bairro de São Cristovão, cerca de 5 mil manifestantes exigiram que o imperador fosse ao encontro deles para debater e receber as suas reivindicações. As forças policiais acompanharam a caminhada dos manifestantes, fazendo bloqueios em determinados trechos. Mas não houve negociação, pois o Imperador aceitou conversar apenas com uma comissão formada por poucos manifestantes. O grupo desejava que o imperador viesse ao encontro do povo e, por isso, não chegaram a nenhum consenso.

            Poucos dias depois, com o início da cobrança do vintém, começaram a ocorrer focos de protestos violentos em vários pontos da cidade, principalmente nas ruas do centro, que duraram pelo menos quatro dias, marcados pela fúria da população que depredava os bondes e armava barricadas para enfrentar a polícia. As manifestações públicas coletivas de protesto popular conhecidas como Revolta do Vintém estenderam-se entre 28 de dezembro de 1879 e 4 de janeiro de 1880.

            Os protestos foram marcados pela depredação de bondes e conflitos diretos com as forças policiais. Em sinal de protesto contra a cobrança do vintém, os manifestantes tomavam os bondes, espancavam os condutores, esfaqueavam os animais usados como força de tração, despedaçavam os carros, retiravam os trilhos e, com eles, arrancavam as calçadas. A polícia enfrentou as manifestações atirando contra as pessoas. Falou-se em 15 a 20 feridos e em três a dez mortos.

            Os jornais mais conservadores falavam na convocação de mobilizações de protesto, pediam que se respeitasse a lei e a ordem, dizendo que o governo tolerava sempre a manifestação de “representações respeitosas” e, finalmente, pedia para que os descontentes, ao invés de protestar, direcionassem sua energia para a eleição de bons políticos que se ocupassem em defender os verdadeiros interesses da maioria da população.

            Nos dias que se seguiram à Revolta do Vintém, depois de interrompida a arrecadação pelo protesto popular, a regularização do imposto foi revogada e os principais integrantes do governo ligados ao episódio foram substituídos.

            A insatisfação do povo demonstrada na revolta do vintém não foi um fato isolado e nem ficou restrita ao valor da passagem. A mobilização popular acabou por questionar também, e cada vez mais, a escravidão e a própria monarquia.



Fontes: Texto de José Murilo de Carvalho, A guerra do vintém.


Texto de Ronaldo Pereira de Jesus, A revolta do vintém e a crise na monarquia.




Um comentário:

Pedrinho, vascaíno e professor disse...

Esta foi um texto construído pela Carla de Medeiros Silva, professora de História e minha companheira