No dia 28 de dezembro de 1879, uma
multidão foi às ruas na capital do Império brasileiro, o Rio de Janeiro, se
manifestar contra o imposto que aumentava no preço do transporte urbano.
O objetivo da população era revogar
a lei que estabeleceu o aumento dos bondes. Reunidos em frente ao palácio
imperial, no bairro de São Cristovão, cerca de 5 mil manifestantes exigiram que
o imperador fosse ao encontro deles para debater e receber as suas
reivindicações. As forças policiais acompanharam a caminhada dos manifestantes,
fazendo bloqueios em determinados trechos. Mas não houve negociação, pois o
Imperador aceitou conversar apenas com uma comissão formada por poucos
manifestantes. O grupo desejava que o imperador viesse ao encontro do povo e,
por isso, não chegaram a nenhum consenso.
Poucos
dias depois, com o início da cobrança do vintém, começaram a ocorrer focos de
protestos violentos em vários pontos da cidade, principalmente nas ruas do
centro, que duraram pelo menos quatro dias, marcados pela fúria da população
que depredava os bondes e armava barricadas para enfrentar a polícia. As
manifestações públicas coletivas de protesto popular conhecidas como Revolta do
Vintém estenderam-se entre 28 de dezembro de 1879 e 4 de janeiro de 1880.
Os
protestos foram marcados pela depredação de bondes e conflitos diretos com as
forças policiais. Em sinal de protesto contra a cobrança do vintém, os
manifestantes tomavam os bondes, espancavam os condutores, esfaqueavam os
animais usados como força de tração, despedaçavam os carros, retiravam os
trilhos e, com eles, arrancavam as calçadas. A polícia enfrentou as
manifestações atirando contra as pessoas. Falou-se em 15 a 20 feridos e em três a
dez mortos.
Os
jornais mais conservadores falavam na convocação de mobilizações de protesto,
pediam que se respeitasse a lei e a ordem, dizendo que o governo tolerava
sempre a manifestação de “representações respeitosas” e, finalmente, pedia para
que os descontentes, ao invés de protestar, direcionassem sua energia para a
eleição de bons políticos que se ocupassem em defender os verdadeiros interesses
da maioria da população.
Nos
dias que se seguiram à Revolta do Vintém, depois de interrompida a arrecadação
pelo protesto popular, a regularização do imposto foi revogada e os principais
integrantes do governo ligados ao episódio foram substituídos.
A
insatisfação do povo demonstrada na revolta do vintém não foi um fato isolado e
nem ficou restrita ao valor da passagem. A mobilização popular acabou por
questionar também, e cada vez mais, a escravidão e a própria monarquia.
Fonte da foto: http://www.historiadigital.org/curiosidades/5-protestos-contra-tarifas-no-transporte-coletivo/
Fontes: Texto de José Murilo de
Carvalho, A guerra do vintém.
Texto de Ronaldo Pereira de Jesus, A revolta do vintém e a crise na monarquia.
http://oglobo.globo.com/historia/duas-revoltas-o-mesmo-proposito-rio-de-hoje-a-guerra-do-vintem-contra-aumento-da-passagem-8779375
- reportagem de O Globo, 22/06/2013
Um comentário:
Esta foi um texto construído pela Carla de Medeiros Silva, professora de História e minha companheira
Postar um comentário