segunda-feira, 30 de junho de 2008

Carta aos jogadores do Fluminense

Pessoal, este texto emocionado e emocionante foi escrito pela Carla, minha namorada, no dia seguinte ao primeiro jogo da decisão. É um prazer compartilhá-lo com vocês.

Carta aos jogadores do Fluminense:
Memórias de uma torcedora na Libertadores 2008

São agora 20:32 da quinta-feira, dia 26/06. Aqui estou com meu coração ansioso e apertado, sofrido mesmo, depois que um trator passou por cima do meu clube, no primeiro jogo da final da Libertadores.
Curioso pensar que no ano passado, quando garantimos nossa vaga na competição e a Copa do Brasil após termos vencido (no sofrimento, como sempre) o Figueirense, eu apenas mentalizava o quanto queria passar para a segunda fase da competição, com méritos nossos. Queria isso, primeiramente, e não ousava sonhar mais alto.
No final do ano passado a tensão já se fez presente quando do sorteio de grupos. Caímos num grupo difícil, considerado da morte, e eu, então com medo, reforcei meus pedidos singelos que se restringiam a passar bem para a segunda fase.
Voltávamos a Libertadores após 23 anos, vejam só. Eu tenho apenas 26 anos de idade e, portanto, enquanto torcedora consciente, nunca havia visto o Fluminense disputando uma competição internacional.
Pedia para passar de fase com o suor de nossos jogadores e depois, o que viesse ia ser lucro.
Eu só não podia imaginar todas as alegrias que aquela competição reservava para mim e, creio que, para todos aqueles que torcem de coração para o Fluminense.
Primeiro jogo em Quito, enfrentando a altitude, o nervosismo da estréia e um time forte. Arrancamos um bom resultado que, agora nesta final, não fomos capazes de repetir. Tudo bem, a história começou a ser escrita de forma diferente. Não estamos mais na estréia, estamos na final.
Bem, no segundo jogo eu subi aos céus. Ia ao Maracanã, nossa casa de tantas partidas boas e ruins, assistir ao primeiro jogo de Libertadores da minha vida. E foi como um sonho, o time voava em campo, solto, parecia que “dançava futebol” tamanha era a desenvoltura com que foi se apresentando. Esperava uma boa apresentação do grupo mas, confesso que nunca poderia imaginar tamanha beleza em um campo de futebol. Este jogo, este 6 x0, estará para sempre, por todos os dias de minha vida, cravado como uma doce lembrança na memória. E se vocês foram capazes de jogar tanto naquele dia, também são capazes de fazê-lo agora.
Passamos de fase, com a melhor campanha da competição. Para quem sonhava em apenas passar de fase, estávamos indo muito bem. Passamos pelo Atlético Nacional da Colômbia e, então, vieram os bichos-papões. Primeiro, o São Paulo. Ah, bem no fundo da minha alma, como eu queria encarar o São Paulo. Considerado por todos na mídia como um exemplo de clube e de administração eficiente, eu queria muito derrubar o mito e o chato time do São Paulo.
Os caras são considerados uma espécie de modelo para o futebol, tudo muito certinho, muito campeão demais. Eu sabia que se fossemos derrotados, seríamos para um grande clube e, de certa forma, isso tirou um pouco o peso de cima de meus ombros. Mesmo após a primeira partida, quando perdemos de 1 x 0, entristeci, mas não me senti derrotada. Sabia que no Maracanã íamos com tudo e havia a chance de reverter o placar.
Lindo demais foi aquele jogo! Um gol logo no princípio deixou tudo igual! Estávamos em pé de igualdade. O Adriano fez o 1 x 1, de cabeça, creio. Ali eu pensei, se acabou o sonho...Mas, como num raio, nós fizemos o segundo gol e voltamos a estar a frente no placar. Ainda tinha jogo para acontecer, bola para rolar e pernas para correr. Vai que dá, vai que dá...e deu, de forma meio mágica. Gol nos acréscimos do segundo tempo. Realmente o coração pulou muito de alegria. O jogo acabou e eu não queria deixar o templo do Maracanã. Dançava pelas cadeiras das arquibancadas, abraçava pessoas que eu nem conhecia, mas que tinham em comum comigo a paixão por um clube de futebol, o mesmo clube.
Dormi como um anjo e despertei com a notícia de que pegaríamos o Boca. Meu Deus, que venha o Boca...foi o que eu pensei. Seis títulos de Libertadores, Riquelme e coisa e tal. Que grande batalha não se avizinhava...Assim como ocorrera contra o São Paulo, desta vez também não éramos o favorito. Não tínhamos tradição diante da maioria dos times que disputavam a competição, o que dizer então do poderoso Boca?
Mas fomos de peito aberto, e passamos por eles também. Escutei pessoas criticando o Fluminense. Diziam não entender como um time, no caso o Fluminense, podia ser tão dominado por outro em campo e, ainda assim, sair com a vitória. Me entristeceu esta opinião que não soube reconhecer humildemente que, jogando bem ou mal, sendo dominado ou não, havia um grande feito em eliminar o Boca desta competição. Afinal, se o futebol é capaz de despertar tanta paixão é, também, por isso: nele pode acontecer o impensável, o imponderável.
A propósito do jogo contra o Boca, o empate que conseguimos lá foi muito importante. Não esquecerei a fisionomia do Thiago Silva ao fazer aquele lindo gol de cabeça (faz outro no dia 2, Thiago!). Com muita garra ele vibrou. E também não esqueço o gol meio sem jeito do Thiago Neves, este mesmo jogador que ontem aumentou as nossas esperanças quando elas já estavam se esvaindo pelo ralo da tristeza.
No Maracanã tivemos sorte e também competência. E matamos outro bicho-papão. Após uma pausa longa e interminável para os corações tricolores, chegamos na final com a LDU. A mesma equipe que pegamos na estréia da competição, agora encerrará nossa longa jornada. Assim como nós, a LDU nunca ganhou o torneio.
Eu fico surpresa de lembrar que, logo no princípio, eu apenas torcia para que fizéssemos um bom papel na primeira fase. Nossa! Como foi que chegamos tão longe? Quanto amor compartilhado por um mesmo símbolo não esteve reunido nas partidas que o Flu disputou no Maracanã e fora dele?
As imagens do jogo de ontem ficam passando na minha cabeça, eu abro os olhos, fecho os olhos, e só consigo ver aquelas imagens. Não consegui dormir porque me lembrava dos 4 gols, inacreditáveis. Certamente, também não conseguirei dormir bem hoje, e talvez a coisa seja assim até a próxima quarta-feira, quando decidiremos o título inédito, para nós e para eles. Espero que vocês consigam dormir, mas espero, por outro lado que estejam nervosos sim! Porque o que pode definir a conquista deste título agora, neste momento, é o amor. E quando a gente ama de verdade, sua frio, bate o coração mais rápido, não conseguimos dormir direito de tanta emoção...são sintomas do amor.
Sei que vocês ganham salários estratosféricos, que não correspondem à realidade da maioria da população brasileira. Acabaram-se os tempos em que um jogador tinha uma relação de amor pelo clube que defendia. Hoje, a regra do futebol é o capital, a grana! Como exemplo trágico desta máxima, a torcida do Fluminense foi intensamente desrespeitada na hora de adquirir os ingressos para a disputa da final no Maracanã. Formaram filas imensas, mas os ingressos acabaram tão rapidamente que a maioria deu com a cara na bilheteria. A coisa já começou mal quando os preços aumentaram em 100%. A ganância de um capitalismo sem alma é o que move os destinos do futebol em geral e também do Fluminense. Toda esta dificuldade em comprar os ingressos está muito mal contada.
E digo e repito: um clube que, num dos momentos mais preciosos e importantes de sua história, pisa e desrespeita a sua torcida, pode sofrer as conseqüências. O 4 x 2 que levamos em Quito já é uma amostra do tamanho do castigo que podemos receber. Jogamos um primeiro tempo sem alma.
Na quarta-feira que vem eu estarei lá, não nas arquibancadas por que não consegui comprar, mas nas cadeiras inferiores. Espero que aquele que estiver ocupando na arquibancada o lugar que eu ocupei em todos os jogos da Libertadores que fizemos no Maracanã seja capaz de torcer com a mesma intensidade que eu o fiz. Estarei nas cadeiras inferiores com o coração na boca. Espero poder sentir que é possível virar este placar adverso. E, certamente, veremos isso nos primeiros minutos do jogo. A alma pode entrar em campo, como entrou em tantos jogos até agora.
Estarei torcendo como nunca, com o sono de sete dias acumulados e espero sentir na postura de cada um de vocês o amor pelo clube que das arquibancadas desce como uma força inabalável. Sei que depois de tudo, muitos de vocês serão vendidos para clubes europeus. Porque o Brasil continua sendo um exportador de matérias-primas baratas para os países desenvolvidos, assim como o Equador, que já vendeu o Guerrón para o Getafe...
É difícil pedir que tenham amor ao clube...Mas sinto dizer que só isso pode fazer com que vocês vençam esta partida por 3 x 0. Eu acredito que chegou a nossa hora. É preciso entrar comendo a bola e a grama, com muita aplicação tática, dedicação e coração. Nada neste clube se consegue sem sofrimento. Ou perdemos ou ganhamos de forma sofrida. Eu fico com a segunda opção!
O silêncio do Thiago Silva era tudo que faltava para acender uma chama de esperança. Aquele silêncio demonstrou profunda inflexão, reflexão. A hora é mesmo de calar e reservar o sentimento para o momento de entrar em campo. Eu quero acreditar, mas isso não dependerá só de mim. Dependerá do amor que, em campo e no estádio, nós formos capazes de mobilizar pelo Fluminense.
Muita força nessa hora! Estamos juntos!

21:33 – quinta-feira – dia 26/06

Ass: Carla de Medeiros Silva

4 comentários:

Anônimo disse...

Fantástico!
Parabéns, Carla!
Abraços,
Cesar Mocarzel
www.canalfluminense.com.br

Anônimo disse...

Oi, Carla!!!
Eu estive no Maracanã no jogo do Boca. Foi um dos momentos mais mágicos que vivi. A energia positiva das pessoas, as vibrações, o pensamento para o bem comum emocionam e arrepiam a gente.
Nesta última quarta, estava doente e fiquei horrível ao assistir toda aquela apatia com que jogamos
Talvez, a atitude, a pressão. Não sei mas eu tenho esperança.Acho que na nação fluminense, o povo brasileiro, independente do time, merecem mais esta vitória.
Creio que o Maracanã mais uma vez será o palco de cenas únicas. E torço ainda para que todos nós sempre pudéssemos estar nesta sintonia quando tivéssemos que defender tantas outras causas importantes em nosso país.
Boa sorte pra gente!!!!!!!!
Carla

Anônimo disse...

Foi tão legal ver:conka,thiago neves,waschington bater os penaltis
sequei tanto os Tricolores que deu até vontade de rir
li a carta dos tricolores
nosssa maravilha só que........
o Fluminense não teve qualidade de um time grande e meu mais novo idolo guerrón mandou o maraca com 90.000 tricolores se calar e foi o que aconteceu
hahahahahahhahahahahahahahahahaah
chora tricolor o sonho acabou libertadores é da LDU
kkkk!Pobres aqueles que ficaram até 1h da manhã no maraca para ver a festa da LDU!!!!!!










professor;vc já deve fazer idéia de quem eu sou!!!










fessor da uma passada no blog que eu criei ; hhpt://soflamenguistas.blogspot.com
entra e me zoa fesssor vlw!!!

Pedrinho, vascaíno e professor disse...

Thiago Silva;
você, que tem o nome de um dos monstros sagrados do Flu tenta desqualificar a brilhante campanha tricolor nas Américas. Nada mais natural: o seu time, flamengo, foi humilhado nas oitavas de uma maneira nunca antes vista na história da libertadores. Já pensou se o Flu ganha, todos lembrando da saga de Cabañas? Não se preocupe, ninguém se esquecerá deste dia em que o Fla saiu da libertadores para entrar na história.
Você diz que o Flu não foi um time grande. Tem razão. Foi gigante! Eliminou dois bichos papões e, na final, conseguiu tirar uma vantagem que chegou a ser de três gols! Todo os tricolores devem estar orgulhosos do seu time e, principalmente, da sua torcida. A eles eu presto esta singela homenagem.

PS: Thiago, se você acha tão ridículo estar à uma da manhã no maraca, o que você estava fazendo, uma da manha, roendo as unhas pela LDU?

Saudações vascaínas