terça-feira, 24 de março de 2009

Choque de ordem

O "choque de ordem", proclamado pelo prefeito Eduardo Paes, não é nenhuma novidade. Projetos que tentam implementar esta "ordem" já foram feitos muitas vezes ao longo da nossa história. Nos últimos anos, a cidade do Rio sofreu operações como a Ipabacana e outras que buscavam retirar os mendigos dos bairros nobres da cidade. Depois, Gabeira apareceu como candidato da Zona Sul ao propor um "choque de ordem e de capitalismo" no Rio. Paes, desesperado por ter perdido os votos neo-udenistas da zona sul carioca, buscou no marketing a saída para recuperar o prestígio neste meio.

Iniciou o seu governo com uma marca: o choque de ordem. Não seria tolerada nenhuma irregularidade na cidade. A lei seria cumprida, etc. etc. Para marcar estes "novos tempos" retirou mendigos da zona sul, derrubou construções irregulares, proibiu venda de bebidas nos arredores do maracanã em dias de jogos, reprimiu camelôs, além de outras ações impactantes.

Bicicletas apreendidas e mães proibidas de colocar um pano para proteger os seus bebês no chão de um parque, fizeram muitos questionarem a tal da ordem pública.

Mas o fato é que não existe uma "ordem" universal, que atenda a todos os interesses. Que ordem é esta? Garante os "direitos" de quem, cara pálida? Os mesmos de sempre: os brancos, endinheirados e amedrontados. Aqueles que percebem a violência quando a bala fura a sua janela. Aquele que sai no jornal quando uma munição perfura o seu telhado.

Para explicar este choque de ordem basta lembrar do último dia de chuva: as ruas continuaram enchendo e os bueiros entupindo, mas o trabalhador que tentasse vender guardas-chuva eram reprimidos; as marquises podres e ameaçando cair continuavam lá, mas se um mendigo fosse se proteger da chuva, era retirado daquele espaço. O desemprego e miséria são elementos perfeitamente adequados à ordem de Eduardo Paes.

2 comentários:

Daniel Simon disse...

Isso não acontece só no Rio, meu caro.

jana disse...

adoro sua lucidez. Voce sintetiza o que eu também acho um beijo jana